Os meniscos são estruturas de fibrocartilagem que se localizam entre o fêmur e a tíbia e dentre suas funções a mais importante é a de amortecimento. Possuímos 2 meniscos: o medial (no lado interno do membro) e o lateral (do lado externo) e em pessoas com o alinhamento normal do membro, o menisco medial é o mais importante pois é responsável por absorver maior peso corporal e impacto. O menisco é uma estrutura com pouca vascularização de sangue, possuindo uma área mais periférica chamada área vermelha (devido ter circulação sanguínea) e outra mais interna chamada área branca (área sem suprimento de sangue e sem capacidade de cicatrização).
Basicamente temos 2 formas de lesionar: traumática (geralmente paciente jovem que teve trauma ou torção no joelho) e degenerativa (paciente na fase adulta que não teve trauma, mas a lesão foi provocada pelo desgaste do tempo).
A dor ocasionada pela lesão do menisco geralmente está associada aos esforços, agachamento ou flexão do joelho, rotação, uso de escadas ou devido uma simples caminhada. O menisco menisco medial costuma das mais sintomas e muitas vezes pacientes com lesão no menisco lateral podem nem ter sintomas. Após algum esforço, além de dor o joelho pode apresentar edema ou derrame de líquido, impossibilidade de movimentação ou mesmo travamento, sensação de corpo estranho se deslocando dentro do joelho ou estalos. Os sintomas podem variar bastante entre os pacientes e podem ser camuflados por medicação ou fisioterapia, embora a lesão persista e deva acarretar sintomas mais tarde.
O relato do paciente associada ao exame físico, onde o médico examina pessoalmente e realiza manobras já é quase sempre capaz de confirmar a lesão. Para confirma-la o exame de ressonância nuclear magnética é o melhor.
Quando a lesão é exclusivamente interna, dentro da estrutura do menisco, geralmente a fisioterapia associada a medicação analgésica / anti-inflamatória é o suficiente. Mas se o menisco apresenta ruptura, esse tratamento costuma ser apenas paliativo já que a capacidade de cicatrização do menisco é extremamente baixa e a cirurgia estaria indicada.
Ela é realizada por vídeo-artroscopia (popularmente chamada a laser) onde realizamos 02 pequenas incisões menores de 1 cm na frente do joelho. Em um dos orifícios entra a câmera e o no outro as pinças e aparelhos que utilizamos.
Devido a maior parte das lesões ser em áreas de cicatrização improvável, em mais de 90% dos casos é realizada a meniscectomia parcial onde a parte lesionada é retirada e o restante do menisco é “esculpido” para se parecer o máximo possível com o original e evitar que a lesão aumente.
Quando a lesão é traumática, aguda (poucos dias), em paciente jovem, menisco de boa qualidade e em área vascularizada, a sutura (costura) do menisco pode ser tentada, tendo como vantagens a preservação de tecido meniscal mas como desvantagem a proibição de não pisar com o membro operado em média por 2 meses e a não garantia de que a lesão vai cicatrizar-se.
Meniscectomia parcial em paciente com boa cartilagem do fêmur e tíbia: já pode ir colocando peso no membro operado desde o primeiro dia e ir progredindo com os dias desde que não tenha dor; em cerca de 1 a 2 semanas a maioria já anda sem muletas.
Meniscectomia parcial em paciente com lesão na cartilagem ou mais velho: costumamos retardar a pisada por tempo que gira em torno de 1 mês.
Sutura do menisco: cerca de 2 meses sem pisar para não agredir os pontos dentro do menisco.
Em todos os casos acima a movimentação do joelho deve ser realizada desde o primeiro dia. No caso da sutura, não se deve dobrar além de 90 graus até a cicatrização da lesão.
Após uma cirurgia de menisco, a intenção primeiramente é evitar uma piora da lesão; além disso se espera alívio da dor e retorno às atividades que realizava anteriormente à cirurgia.
É importante saber que pacientes com menisco de má qualidade (degenerado) podem ter nova lesão em outra área do menisco; pacientes com lesão na cartilagem ou outras lesões associadas como tendinite, fibromialgia, distúrbios reumatológicos, etc, podem ainda persistir com alguma dor residual após o procedimento. É também importante ressaltar que algumas atividades de maior impacto podem ser contra-indicadas caso o ortopedista que operou perceba lesões incompatíveis com essas atividades, mas isso deve ser conversado entre médico e paciente.
Essa cirurgia é considerada de baixo risco. Os principais que podem acontecer são TVP (trombose venosa profunda) que é a obstrução de uma veia por um coágulo e que pode ser necessário o uso de medicação anticoagulante por um período médio de 3 meses para dissolver esse coágulo, geralmente ocorre em pacientes que não iniciaram logo a movimentação do membro ou a fisioterapia; outra complicação rara é a infecção que geralmente acomete pessoas com baixa imunidade e necessita de tratamento com antibiótico; ainda podemos relatar a fístula sinovial que é quando um dos orifícios não cicatriza bem e fica ocasionando perda de líquido pelo orifício, isso geralmente cicatriza espontaneamente mas em alguns casos necessita de limpeza e novo ponto.
Muitas vezes uma nova lesão ocorre mesmo com prevenção, mas podemos diminuir as chances mantendo sempre um bom peso corporal, realizando atividade física que não envolvam tanto impacto e sempre tendo um membro com bom alongamento e fortalecido.